Eu já escrevi um artigo bastante polêmico sobre considerar a busca por equilíbrio entre vida pessoal e profissional uma coisa do passado.
Esse mantra tem sido cada vez mais comum. Também pudera! Tudo tá tão conectado e acontecendo ao mesmo tempo que acabamos não sabendo mais separar as coisas. É comum você se ver trabalhando na hora do lazer e desejando o lazer na hora do trabalho.
Ou vai dizer que não?
Mas, como eu disse no artigo, isso é coisa do passado.
Nesse novo artigo, no entanto, eu quero abordar uma questão um pouco diferente.
Sabe essa coisa de ser feliz no trabalho, se manter fiel à sua personalidade e unicórnios?
Isso mesmo! Você não leu errado não. É sobre essas coisas que eu quero conversar com você dessa vez.
Portanto, se tiver interessad@, pode tirar os sapatos e entrar. Já sabe né? Aqui a casa é sua.
Bola de neve
Eu tenho visto uma confusão grande da nova geração que está acessando o mercado de trabalho, dos Millenials em diante (e eu estou incluído nesse grupo), em achar que grandes empresas vão roubar suas personalidades ou aniquilar seu modo de levar a vida.
– “Ah, mas você tem hora pra entrar e sair.”
– “Eu não quero ter que trabalhar quando eu não tiver afim.”
Tudo bem, pequeno gafanhoto. Se você está pensando assim, então acorda pra vida antes de continuar a ler o artigo, ok?
Acordou?
Vamos lá então.
Algumas gigantes de produto ou serviço mais tangível, como Google, Apple ou qualquer outra de tecnologia com sede no Vale, usam esse erro de julgamento a seu favor e acabam vendendo a romantização de viver feliz e trabalhar só quando tiver vontade em seus escritórios com geladeiras da Heineken, mesas de sinuca e puffs coloridos.
Nada de mal nisso. Eu adoraria trabalhar em um lugar assim também.
Quem não é feliz jogando sinuca e tomando cerveja?
E se você é feliz sempre, vontade para trabalhar não vai faltar, né?
Uhum!
O problema é que isso tem feito os 99.9% de Y’s e Z’s que não conseguem uma vaga nessas empresas acreditar que só será feliz e autêntico no trabalho quando não precisar obedecer regras, hierarquias, códigos de conduta ou dress code.
Já postei algo nesse sentido aqui e aqui.
Em um segundo plano, isso @s tem forçado a querer criar o mais novo unicórnio e cobiçar um lugar entre os 30 mais influentes antes dos 30 da Forbes como se fosse algo simples e que não exigisse trabalhar “sem estar com vontade”. Afinal de contas, é só ter uma ideia e criar um aplicativo. Você só precisa do seu celular pra isso, né?
Uhum de novo!
Enfim, uma bola de neve de erros míopes que tem resultado em frustração, depressão, vitimização e essas coisas todas que temos visto por aí. Alguns chamam de mimimi. Eu até acredito que tenha fundamento. Mas pode ser evitado caso o julgamento seja reinterpretado no início da cadeia.
Quer um exemplo?
Sem falsa modéstia, ‘escuta‘ essa minha história.
Alguns dias atrás eu e meu gerente aqui nos Estados Unidos conversávamos sobre o meu trabalho. Em meio a uma série de assuntos, ele concluiu:
“Você tem um jeito de trbaalhar que motiva o nosso time e ao mesmo tempo traz muita leveza para o ambiente de trabalho”.
À parte das dezenas de conselhos, críticas e feedbacks construtivos que ele me deu, foi assim que ele definiu o bottom line (nas palavras dele) o meu trabalho.
Essa é a segunda vez que recebo um feedback de líder com a mesma mensagem.
A primeira foi ainda no Brasil, de um gerente que é um grande amigo!
Eu gosto de imprimir intensidade no meu trabalho. Tenho um senso de compromisso que chega a me atrapalhar em determinadas situações. Pontualidade é uma obrigação! Organização nem se fala. Mas aproveito esse ritmo para incentivar quem está ao meu redor.
Ao mesmo tempo gosto de levar a vida de leve, descontraído, sorrindo. Meu dia-a-dia é de boa, sabe? Leio notícias, troco ideia com a galera, no trabalho e fora dele, dou bom dia pra quem eu não conheço, escuto Arlindo Cruz escrevendo relatório pesado e tomo cerveja no final do dia. Vivo trabalhando e trabalho vivendo.
Exatamente como eu faria caso tivesse um unicórnio roxo, branco ou preto!
O que eu quero dizer é que ser quem você é não precisa te impedir de trabalhar com ética e seriedade.
Não é porque você gosta de dormir tarde e acordar tarde que isso precisa delinear seu senso de comprometimento ou seu respeito ao horário dos outros.
O dress code do lugar onde você trabalha não precisa diminuir sua paixão pelo Rock ou pelo Surf.
E você não será menos ou mais profissional porque sorri para todo mundo ou porque prefere não sorrir!
E vice-versa!
Eu gosto muito de uma frase do meu amigo Pedro Salomão em que ele diz:
“Coloque muito amor no que você faz, ao invés de ficar só procurando fazer o que você ama.”
Se é a sua personalidade ou autenticidade que você quer ter ou manter, comece por aí.
A sua felicidade será consequência disso.