Assim como você, eu também sou um procrastinador.
Isso porque todas as pessoas procrastinam, em maior ou menor nível. Posso dizer por mim: mesmo sendo mentor de produtividade e gestão de tempo, às vezes também deixo as coisas para depois. E é isso que me habilita a falar a respeito. Eu vivo aquilo que ensino.
Um ponto importante para começarmos é você entender como o seu próprio vocabulário lhe induz à procrastinação. Sabe quando você diz “vou tentar guardar dinheiro” ou “vou tentar emagrecer” ao invés de “vou guardar dinheiro” e “vou emagrecer”?
O “tentar” já revela uma tendência a postergar algo porque você não pega e simplesmente faz as coisas que precisam ser feitas de uma vez. Quem procrastina, tende a falar que vai tentar e não fazer. É um detalhe pequeno, mas percebe como faz diferença?
Se você se identifica como um procrastinador, este artigo é para você! Além de entender quais tipos existem, também compartilho causas e dicas práticas para reduzir a procrastinação.
Vamos lá? Tire os sapatos, pegue um café ou uma água e venha comigo!
Você é um procrastinador?
Já aconteceu com você de ter um relatório muito importante para entregar no trabalho e, apesar do prazo ser extenso, deixar para a última hora?
Ou então de ficar enrolando para marcar uma consulta médica ou até adiá-la depois de marcar, mesmo sabendo que é extremamente importante para a sua saúde?
Bom, não tenho dúvidas de que você já tenha passado por alguma situação similar, afinal, todos nós procrastinamos em algum grau.
O ato de procrastinar está relacionado a deixar de fazer algo que precisa ser feito. Alguns sinônimos, portanto, são adiar ou postergar uma tarefa ou compromisso.
Além disso, lembre-se de que o grande problema não é deixar para depois algo de vez em quando, mas se tornar refém da procrastinação a ponto deste comportamento impactar a saúde mental, qualidade de vida e bem-estar.
Qual é o seu tipo de procrastinador?
Nem todo mundo sabe, mas existem vários tipos de procrastinadores. De acordo com a doutora em psicologia clínica, Ellen Hendriksen, há três principais grupos com características diferentes.
Esse entendimento é importante porque, ao se aprofundar no perfil, é possível compreender melhor as causas da procrastinação e, assim, ter clareza sobre como combatê-la de maneira mais efetiva.
Vamos conferir quais são esses 3 perfis?
1. Os que evitam
São pessoas que desejam evitar as consequências negativas da atividade que precisam realizar. Normalmente, diz respeito às emoções negativas, como ansiedade, tristeza ou angústia.
Para esse perfil de procrastinador, há duas principais causas que o fazem deixar algo para depois.
A primeira delas é o medo do fracasso e a ausência de autoconfiança. Já a segunda está relacionada ao perfeccionismo, que faz com que o indivíduo considere que nada que faz é bom o suficiente.
2. Os que procuram prazer
Sabia que o ser humano é programado biologicamente para alcançar o prazer e fugir da dor o máximo possível?
Este perfil de procrastinador tende a deixar as coisas para depois por considerá-las chatas e, portanto, prefere priorizar algo que dê muito mais prazer e alegria.
3. Os otimistas
O terceiro perfil é aquele que subestima o tempo que uma tarefa vai exigir.
Como o próprio nome já diz, é uma pessoa otimista, ou seja, que normalmente fala com tranquilidade que vai fazer as coisas depois.
A Lei de Parkinson, criada por Cyril Northcote Parkinson, tem uma relação direta com esse tipo de procrastinador, pois diz que o trabalho se expande de modo a preencher o tempo disponível para a sua realização.

Ou seja: a pessoa vai “empurrando a obrigação com a barriga” e, quando está muito próxima do prazo, corre para realizá-la. Uma forma de tentar reduzir esse comportamento, é definindo prazos mais curtos.
Procrastinador: personalidade e hábitos
A personalidade de uma pessoa se refere às suas características psicológicas, que definem a sua forma de pensar, agir e sentir.
Para compreender a personalidade, há o modelo dos Cinco Grandes Fatores, que destaca traços bem amplos que costumam contribuir para a formação do jeito de ser de um indivíduo.
São eles:
- Neuroticismo: é a forma como o indivíduo vivencia experiências negativas, o que evidencia o seu grau de estabilidade emocional;
- Extroversão: o quanto a pessoa é ativa, comunicativa e consegue estabelecer interações sociais;
- Abertura para experiências: analisa em que medida um indivíduo consegue vivenciar situações desconhecidas;
- Realização: avalia o quanto o indivíduo é focado e disposto a alcançar metas e realizar;
- Socialização: em que medida se tem capacidade para manter relações agradáveis e saudáveis.
Quatro dos componentes dos Cinco Grandes Fatores podem influenciar a procrastinação. Para entender como esses traços se relacionam com o ato de deixar algo para depois, confira:
Neuroticismo
Quem tem altos índices de neuroticismo tende a procrastinar de forma mais generalizada.
Isso porque são indivíduos em que as emoções podem vir bastante carregadas diante de algumas tarefas ou eventos que aumentam a ansiedade, tristeza etc.
Normalmente, são pessoas com baixa autoestima, o que pode fazer com que evitem a tarefa que precisa ser executada devido aos sentimentos negativos que a mesma provoca.
Portanto, ao acreditarem que não são capazes de fazer algo, a procrastinação ganha espaço.
Extroversão
Nesse caso, a pessoa costuma manter o foco em atividades que proporcionem prazer e consequências positivas imediatas.
Por outro lado, perde o interesse em relação àquilo que é de longo prazo, nesse caso podendo gerar a procrastinação.
Realização
Quem tem baixo nível de realização costuma ser mais distraído e sofrer com falta de motivação para realizar suas tarefas e projetos.
Socialização
Quando há baixos níveis de socialização, a pessoa pode confrontar autoridades e não ter tanto cuidado em relação às normas sociais.
E isso se reflete no comportamento diário em relação às tarefas e compromissos, ou seja, despreocupação com prazos, por exemplo.
O que causa o hábito de procrastinar?
O nosso corpo é uma máquina de repetir as coisas.
Se permitimos, procrastinar pode se tornar um hábito também, ou seja, algo normalizado.
Sabe aquela pessoa que está sempre reclamando de tudo? Para ela, reclamar já se tornou um hábito a ponto dela nem se dar conta de que faz isso o tempo todo.
Há uma teoria que diz que você fica muito bom em fazer algo que faz repetidamente por 10 mil horas. Ou seja: você se torna bom naquilo que faz continuamente.
E isso é válido para hábitos bons e ruins também. Ao se tornar um procrastinador crônico, significa que você permitiu que esse comportamento se tornasse um hábito na sua vida. E muitas vezes esse hábito é algo mínimo que parece quase imperceptível.
Tenho um exemplo curioso da minha vida pessoal que ilustra isso…
Sempre tive dificuldade para criar o hábito de passar fio dental todos os dias. Sempre deixava para as vésperas de ir ao dentista. Quem se identifica?
Pois é, para mudar isso, acredite se quiser, eu coloquei esta ação dentro do meu planejamento diário como uma das 5 atividades prioritárias do dia. Passar fio dental virou parte da minha agenda de prioridades por algumas semanas, junto com relatórios, planilhas e cuidados da casa e da família.
Com o tempo, a atividade se tornou um hábito e consegui parar de procrastinar. Foi algo muito básico, mas que realmente vinha me atrapalhando
O fato é que procrastinamos porque nos acostumamos com os hábitos ruins, mas há como mudar isso!
Como parar de procrastinar?
Por mais que pareça difícil demais, vencer a procrastinação é possível.
Aplicativos e ferramentas até podem ajudar, mas a dica de ouro é tirar o aspecto negativo das suas metas e procurar o lado positivo. Assim, você evita deixar para depois.

Na prática, funciona assim:
Ao invés de definir como meta “não comer McDonald’s 3 vezes na semana”, troque pelo positivo e coloque “comer McDonald’s apenas 1 vez na semana”.
Ou ao invés de “não comer mais chocolate” colocar “priorizar o consumo de frutas no lugar do chocolate”.
Pode parecer algo muito simples, mas ajuda nessa virada porque você tira o viés negativo, entende?
Nas minhas mentorias, apresento o Método One Page, no qual trabalho as metas apenas de forma positiva, ou seja, com enfoque no que é preciso fazer e não no que é preciso evitar.
Dessa forma, estamos facilitando o certo e dificultando o errado. Isso porque o errado não pode ser tão acessível, caso contrário, será muito mais difícil deixar de procrastinar.
No exemplo do chocolate, você não deve nem comprar o doce e deixá-lo na sua casa, porque, se fizer isso, está colocando um obstáculo na sua meta, afinal, o chocolate está muito próximo de você. E, assim, você mesmo está tornando mais fácil adiar o que precisa ser feito, que é priorizar o consumo de frutas. Ficou claro?
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