Diariamente somos bombardeados com exemplos e cases de sucesso nas redes sociais. Vemos profissionais que crescem e conseguem atingir marcas inexplicáveis no universo digital enquanto nós seguimos em uma caminhada que parece ser sempre mais difícil. É justamente nessa questão que está enraizado um problema que nos afeta (e muito), impactando nosso equilíbrio entre vida pessoal e profissional: a comparação.
Confesso que há alguns anos, costumava ficar preocupado quando percebia que pessoas muito mais jovens que eu estavam em posições e situações profissionais mais bem vistas que a minha. Isso me frustrava e acabava produzindo um efeito devastador nas minhas próprias experiências.
Quando parava para pensar na idade do Neymar, onde ele está e o que conquistou até hoje, me sentia mal. Afinal, sou mais velho que ele e na minha mente, pelo fato de ter alguns anos de vida a mais, também deveria estar na frente em termos de sucesso.
Mas acontecia o inverso também: parava para me comparar com pessoas que estão em uma jornada muito mais longa que a minha. Tentava imaginar e seguir os passos que a pessoa deixava explícitos. Aí vinha mais frustração. Até que entendi que comparações são inúteis.
O que me fez mudar e ter mais equilíbrio?
Eu sabia que precisava mudar e assim o fiz. Perceber que o meu tempo é meu e de mais ninguém fez toda a diferença nesse processo. Se eu ficasse pensando apenas nos outros, não teria tempo para me concentrar na minha própria vida e no meu equilíbrio.
Veja alguns exemplos de pensamentos que povoavam a minha mente:
- Tenho quase a mesma idade que o Nadal e sou mais velho que o Medina
- Guga nasceu em Setembro de 1976, ganhou o primeiro Roland Garros com 20 anos e se aposentou em 2008, com 31 anos, em um jogo que eu estava presente
- Senna morreu com 34 anos sendo tricampeão de Fórmula 1
- Beethoven compôs a 5ª sinfonia com 38 anos
- Michelangelo levou 4 anos para pintar a Capela Sistina e tinha entre 33 e 37 anos
O momento da virada foi quando li um texto que falava que a idade é só um número estúpido. Cada pessoa tem o seu tempo, a sua hora, o seu momento. Não posso me espelhar no Neymar, porque não sei quais são as expectativas dele. Seria pretensão demais comparar-me a ele, mas também seria uma falta de reconhecimento próprio comparar ele a mim. Sei das minhas lutas, das batalhas que enfrentei, dos sonhos que tenho. Ele, os dele.
Não posso me comparar a ele, porque o propósito de vida de cada um é único. Assim como não faz sentido me comparar a alguém que está na jornada há mais tempo que eu ou tem sonhos muito diferentes dos meus.
A única pessoa com a qual posso me comparar é comigo mesmo.
Tenho que olhar para o Rodrigo de 10 anos atrás, ver se estou em evolução em relação a ele, se consegui me transformar e realizar o que eu desejei.

Como não se deixar comparar com o palco do outro?
É simples, porém nem sempre é fácil: você precisa ter em mente que suas vitórias e derrotas são frutos das suas escolhas e das circunstâncias que cria. Não podemos culpar os outros pelas nossas derrotas, muito menos nos vitimizar pelos desencontros da vida.
Carrego comigo uma frase de Ortega Y Gasset que diz:
“Eu sou eu e minha circunstância, e se não salvo a ela, não me salvo a mim”
Aprender a lidar com o que somos é o primeiro passo para que a nossa evolução aconteça. Quando olhamos para nós mesmos, percebemos o que precisamos evoluir para conquistar e estar no lugar que queremos estar.
No início da mentoria, minha mentorada Sofia Fretta tinha dificuldade para enxergar o próprio futuro. Fizemos um processo no qual ela percebeu que sua rotina estava focada em apagar incêndios e começamos a aplicar técnicas que mudassem esse cenário, aumentando sua qualidade de vida, sua produtividade e sucesso.

Você precisa estar preparado para enfrentar seus medos e encarar as consequências das suas próprias escolhas. E nunca, jamais, compare sua vida com a de outras pessoas. Isso vai afetar você e, muitas vezes, outras pessoas também.
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Uma das minhas histórias de vida preferidas sobre equilíbrio de vida
Quando morei na França, por seis meses, dividi uma casa na pequena praia de La Couronne Carro, na grande Marseille, com um francês chamado Bruno (ou Brrunô, no bom francês).
Ele era uma pessoa com baixa autoestima e que vivia se comparando com os outros. As raízes para isso não vêm ao caso, mas como éramos praticamente irmãos, tenho noção de tudo que ele passou. Naturalmente, por vivermos juntos, ele se comparava muito comigo. Fazíamos estágio na mesma empresa e ele tinha problemas com a gerência dele, enquanto eu me dava super bem com a minha.
Diariamente tentava encorajá-lo a mudar de postura, assumir protagonismo da própria vida, enxergar a metade cheia do copo em todas as circunstâncias, mas ele insistia em ficar com a metade vazia. Era frustrante vê-lo “sofrer”, porque eu o tinha como um irmão de verdade. Durante aqueles seis meses nós fazíamos muitas coisas juntos, como qualquer estudante universitário dividindo uma casa ou uma república.
Certo dia, no alto de sua frustração, ao não ter recebido seu bônus de estágio, enquanto eu havia recebido 100%, ele me disse uma frase que ecoa em minha mente até hoje:
“Rodrrigô, tu as une étoile.” – “Rodrigo, você tem uma estrela.”
Parei para refletir e percebi que o pensamento dele tinha um fundo de verdade. Tenho certeza que tenho uma estrela e me esforço todos os dias para que ela brilhe cada vez mais. Mas minha resposta veio prontamente e saiu do fundo do meu coração.
“Bruno, você também tem uma estrela. Mas enquanto se preocupa com a minha, você esquece de fazer a sua brilhar.”
Portanto, eu lhe pergunto: o que você está fazendo para a sua estrela brilhar e ter mais equilíbrio de vida?