5 maiores desafios de morar nos Estados Unidos

Qualidade x Quantidade

Você tem o sonho de morar fora do Brasil? Quando se tem uma meta como essa, é preciso saber de algumas coisas e se preparar intensamente. Conversar com pessoas que já passaram por essa experiência é uma dica valiosa, por isso, separei os 5 maiores desafios de morar nos Estados Unidos neste artigo de hoje. 

1- Idioma

O primeiro é, sem dúvidas, o idioma. Apesar de inglês ser a língua universal e extremamente “popular”, por mais que você seja fluente, a adaptação ao inglês no dia a dia não é tão simples como parece. Isso porque há sotaques diferentes, vocabulários alternativos e muitas gírias (que dependem do local em que você morar). 

Eu sempre digo que quando você está se comunicando em outro idioma “muitas vezes você fala o que você não quer, simplesmente porque é o que você consegue”. E isso é extremamente difícil.

Portanto, uma das coisas mais importantes é reduzir as expectativas. No início muitas pessoas não vão te compreender e você também não vai compreender muitas pessoas. É normal! Veja essa história:

Logo que cheguei, fui a uma loja da Starbucks e pedi um Croissant de Chocolate (que era uma das coisas que eu sabia que ia ser bom). Só que recebi apenas um croissant sem chocolate algum, puro, seco, só a massa. Fiquei com vergonha de reclamar e, no dia seguinte, voltei à loja. Dessa vez, dei toda ênfase necessária ao “chocolat”. Como estava preocupado com o chocolate, não percebi, ou melhor, não compreendi, que ela estava perguntando se eu queria ele quente ou frio. Resultado? Comi um croissant de chocolate gelado. A partir da terceira ida ao local, já mais adaptado e com menos vergonha, entendi todo o processo e consegui, efetivamente, comer meu croissant de chocolate. 

Ou seja, o que eu queria comer na segunda-feira, acabei conseguindo apenas na quarta-feira.

Reduzir as expectativas é a melhor maneira de encarar os desafios do idioma. Com o tempo você perceberá que as barreiras da língua são uma ótima forma de você se conhecer melhor também e aprender a se superar.

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2 – Cultura do consumo

O segundo grande desafio que tive foi relacionado à cultura do consumo. Nos Estados Unidos, assim como no Brasil, temos o costume da abundância, e isso assusta muitas vezes, principalmente no meu caso, que já tinha morado na França (onde não se tem essa cultura). 

Aqui na mãe do capitalismo, a economia é feita para girar. Os produtos são muito acessíveis e o consumo extremamente incentivado. Sempre vale a pena comprar mais.

Logo na nossa primeira roadtrip, quando atravessamos a Califórnia de Sul a Norte pela Big Sur, no litoral do Pacífico, eu e minha esposa paramos em Santa Barbara para tomar um café da manhã. Naturalmente, cada um pediu um prato do menu e, como estávamos de férias, resolvemos pedir um prato doce para dividir. Inocentes! A cultura do exagero nos pregou uma peça. É lógico que a comida veio muito além do que aguentaríamos comer. 

Fonte da imagem: acervo pessoal Rodrigo Barreto

Nos sentimos extremamente envergonhados, mas isso só aconteceu porque não sabíamos como funcionava esse consumo excessivo deles. Com o tempo fomos aprendendo a pedir menos e fazer prevalecer a filosofia minimalista que sempre procuramos ter. Nem sempre é fácil, mas com o tempo (e com filhos!) se torna mais possível.

3 – Distância da família e amigos

A distância da família e dos amigos é o terceiro grande desafio. No começo a gente nem percebe, mas com o passar dos dias, a saudade aumenta e percebemos o quanto é desafiador morar tão longe de quem amamos. Meu filho só conheceu seus avós quando já tinha 1 ano e 6 meses. Sentimos demais a distância nesses momentos. 

Essa é provavelmente a dificuldade que mais impede as pessoas de irem atrás do sonho de morar fora do país. Viver longe, perder datas especiais, se acostumar com ligações de vídeo é um desafio enorme. Não é para qualquer um. Avalie bem essa questão antes de vir.

É difícil encontrar um lado bom em estar longe da família e amigos, mas essa é uma situação de desconforto que nos faz evoluir muito. Você precisa se expor, construir novas amizades, começar praticamente tudo do zero. Seu sobrenome não importa, sua origem também não. Longe da família e amigos você tem a oportunidade de se descobrir. Aproveite!

Plano de Carreira ou Plano de Vida: qual devo seguir? 

4 – Processos arcaicos dos Estados Unidos

Apesar de serem muito evoluídos em alguns pontos, a burocracia e o sistema arcaico em algumas esferas também são desafios para quem quer encarar uma vida na Terra do Tio Sam. Para você ter ideia, um dia desses, após uma consulta com a pediatra do nosso filho, eu perdi horas esperando um encaminhamento para realização de um exame em um outro consultório, pois o mesmo precisava ser enviado via fax. Isso mesmo que você leu: FAX! Aquela maquininha que utilizávamos há mil anos para “teletransportar” papéis. Quanta tecnologia e eficiência, não?

via GIPHY

Enquanto no Brasil temos as coisas facilitadas com WhatsApp, por exemplo, aqui ainda utilizam processos bem mais antigos. Você sabia que a maioria dos americanos não utiliza WhatsApp? 

Talvez você esteja surpreso(a) pensando nas empresas super tecnológicas de Palo Alto em San Francisco ou no mercado de ações de Wall Street. Mas lembre-se que os EUA não se resumem à Califórnia e Nova York, assim como o Brasil não se resume a São Paulo e Rio de Janeiro. 

Como primeira economia do mundo, eles também têm muita dificuldade em aceitar inovações que vêm de fora dos EUA. Na cabeça do americano, principalmente os mais conservadores, tudo que tem aqui é melhor em todos os aspectos. Da economia à tecnologia. Da saúde à educação.

Acabam tendo resistência à mudança impulsionada por países estrangeiros, subdesenvolvidos principalmente. Quer ver como isso é verdade: a votação para presidente deles ainda segue o sistema de voto impresso (e enfrenta toda essa controvérsia de fraude), enquanto nós já temos a ferramenta muito mais moderna e eficiente, que é a urna eletrônica.

5 – Viver com a incerteza

Por fim, o quinto e último desafio é ser um imigrante, longe de seu país de origem. O fato de ser um estrangeiro não é fácil em qualquer lugar do mundo, porque até quando você está legal, a política pode mudar de uma hora para outra e você precisa reorganizar toda a sua vida ou até ir embora. 

Frequentemente preciso me atualizar sobre as questões imigratórias, também porque meu filho nasceu nos Estados Unidos, e em caso de qualquer mudança legislativa, como ficaria a situação dele?! É claro que vejo isso com bons olhos, mas não deixam de ser desafios que você precisa encarar dia após dia. 

A sensação de não ter controle sobre coisas que deveriam ser simples incomoda bastante. Por isso eu procuro me concentrar naquilo que eu realmente posso controlar. Sempre tenho meu plano A desenhado e alternativas em mente caso ele não possa se realizar por algum motivo que esteja fora do meu controle. É assim que ajudo meus mentorados que estão fora do Brasil com a mentoria de Gestão da Vida que faço para expatriados em parceria com os mentores Ricardo Dalbosco e Victor Aguiar.

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Apesar de todos os desafios, a experiência de viver em outro país é única e indescritível. Há muito de positivo que transforma nossa vida quando saímos da nossa zona de conforto. E como eu sempre digo: é muito melhor viver em uma zona de desconforto confortável do que em uma zona de conforto desconfortável, não é?

Então me diga nos comentários, você está pronto(a) para encarar um novo mundo aqui nos Estados Unidos?

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