3 lições que escrever um livro me ensinou

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O poeta cubano, José Martí, tem uma frase famosa que você provavelmente conhece:

“Há uma coisa que um homem deve fazer na sua vida: plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro.”

Bom, já tive um filho (a segunda está a caminho) e escrevi e publiquei o meu primeiro livro. Está faltando apenas plantar uma árvore, algo que pretendo fazer em um futuro próximo. 

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Por mais clichê que seja essa reflexão, é interessante pensar sobre os pontos em comum entre essas três tarefas completamente distintas. Acredito que a paciência e a disciplina estejam muito presentes em todas elas.

Sobre escrever um livro, foram muitos aprendizados ao longo dessa jornada que foi finalizada recentemente. Mesmo com tantas lições, acredito que as 3 principais que vou relatar neste artigo são aquelas que mais me marcaram e são um grande guarda-chuva de todo o processo.

São lições importantes para quem está escrevendo ou pensa em escrever um livro algum dia, mas também para leitores e leitoras que apreciam um bom livro e querem saber o que rola por trás de uma publicação literária. Espero que as minhas reflexões sejam úteis de alguma forma.

1. Escrever é a parte mais fácil, difícil é filtrar e organizar as ideias

Me dê 1 dia para escrever 30 páginas, mas precisarei de 30 dias para escrever 1 página.

Esta frase define bem o sentimento de qualquer escritor. Pode ter certeza de que jogar milhões de ideias no papel é a parte mais fácil. Difícil mesmo é organizar, revisar e fazer os filtros necessários.

No meu livro, por exemplo, gostaria de ter incluído mais relatos e exemplos, mas sabia que era necessário focar e ser mais objetivo em algumas partes. Todo escritor precisa ter em mente que a primeira versão da sua obra será a mais longa e, após essa etapa, virá o desafio de priorização.

Leia também: Por que eu resolvi escrever um livro?

E não adianta: toda revisão implica em algumas renúncias. É fundamental ter critérios claros e embasados nesse momento, pois assim você só irá cortar aquilo que com certeza não fará falta na versão final.

Lembre-se: a essência e o objetivo do livro devem permanecer intactos para que você continue satisfeito com o resultado final.

2. O autor dá o ritmo, mas o mercado dá as regras

Essa é uma das lições mais doídas de todo o processo… Como tudo o que é colocado no mercado, é preciso ter em mente que, por mais que você seja o autor da obra, não é quem dita as regras do jogo. 

Para vender livros é importante entender o que o público precisa. O meu objetivo nunca foi viver apenas disso, mas é claro que queria criar algo que fosse de interesse das pessoas, ou seja, que sanasse uma necessidade do público com o qual converso. 

Para não se frustrar, é necessário calibrar o que você quer trazer ao mundo por meio do seu livro e o que o mercado quer e precisa. Olhar só para dentro pode gerar um enorme desapontamento em relação à aceitação da obra, mas olhar apenas para fora também pode ocasionar uma desconexão com o seu próprio livro.

O rapper Emicida, do qual sou fã, em seu documentário com o por trás das cenas do álbum AmarElo, diz que “quanto melhor a música, menos a rádio toca”. Acredito que isso possa se aplicar de alguma forma à literatura também. Por mais difícil que seja encarar esse fato, encontrar o ponto perfeito entre bom conteúdo e demanda do público é o grande desafio, e ao mesmo tempo o combustível para uma boa escrita, concorda? 

O meu conselho é: conheça as regras do jogo, mas mantenha-se fiel à sua essência para tentar encontrar um equilíbrio entre o contexto interno e o externo.

3. A força de vontade conta muito, mas disciplina é a mãe da realização

O desejo de escrever um livro é fundamental, mas sozinho não irá sustentar toda essa jornada. Isso porque, sem disciplina, não é possível transformar o livro em realidade. Além da vontade, são necessárias muitas outras coisas, como organização, resiliência e consistência.

A grande verdade é que quase todo mundo tem um livro escrito na cabeça, mas poucos têm atitude para organizar os pensamentos e encarar um trabalho solitário que pode durar anos. 

Para dar certo, é preciso querer muito e se organizar para fazer acontecer. Eu, por exemplo, sempre escrevia pelas manhãs. Era muito frustrante quando não conseguia escrever quase nada, mas mesmo aquelas poucas linhas que saíam eram importantes. O fundamental era me manter em movimento e aceitar o processo.

O grande perigo é procrastinar e continuar adiando aquilo que precisa ser feito. Se isso estiver acontecendo, pergunte-se o que há por trás dessa procrastinação e entenda se realmente é o momento para se dedicar a um projeto tão intenso.

Apaixone-se pelo processo

Viver toda a jornada de escrita do meu livro foi muito prazeroso. Eu me apaixonei pelo processo de escrever e estruturar e sempre acordava feliz quando começava o meu dia com essa tarefa. E foi essa paixão pelo processo que me fez ter a certeza de que estava no caminho certo.

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Se você não gosta da rotina de um escritor e não se sente motivado para viver cada etapa do projeto de um livro, pode ser que a sua motivação para escrever não seja forte o suficiente. 

O meu conselho é se questionar: o seu pensamento está apenas voltado para o pódio e a linha de chegada? Se a resposta for “sim”, mude essa mentalidade, pois para fazer acontecer é essencial se envolver com cada passo e realmente se apaixonar pelo processo.

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